As aventuras do fazendeiro que acreditava ser um cavaleiro e via dragões em muinhos de vento, vão literalmente invadir o centro da cidade. Hoje, às 17h, tudo começa na Praça do Liceu uma instalação-peça-intervenção “Das Saborosas Aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu Escudeiro Sancho Pança – Um Capítulo Que Poderia Ter Sido” escrito pelo escritor espanhol Miguel de Cervantes. Esta é a proposta da companhia goiana “Teatro que Roda”.
A apresentação começa com um rapel. “O rapel é uma forma de chamar a atenção do público, que geralmente é formado pelas pessoas que estão passando na rua. É a primeira cena, de Dom Quixote saindo do mundo real”, diz a atriz Liz Eliodoraz. E Dionízio Bombinha, o próprio Dom complementa dizendo: “representa o salto de Dom Quixote para o mundo da loucura".
Começa na Praça do Liceu, mas o restante da apresentação é uma surpresa para o público, pois o espetáculo é “itinerante”, digamos assim. Os personagens vão andando pela cidade, representando as aventuras e alucinações do cavaleiro errante. A peça é uma releitura contemporânea da história escrita no século XVII. Eles representam um fragmento original do texto de Miguel de Cervantes.
E mais contemporânea não poderia ser, é realizada no meio da rua, o palco é encontrado na cidade. “Nós utilizamos a estrutura da cidade, o que faz com que em cada cidade aconteça um espetáculo diferente”, conta Liz Eliodoraz. “O figurino, tudo é feito com material reciclado, saco plástico, retalhos”, complementa Liz. Ela interpreta o fiel escudeiro de Dom Quixote, Sancho Pança, que na peça não passa de um catador de papeis.
Além do que a apresentação, que pode ser definida como teatro de rua, propõe uma ruptura na rotina da cidade por alguns minutos. O diretor do espetáculo, André Carreira, prefere definir-lo como teatro de invasão. “Um teatro ‘invasor’ que propõem a instalação de uma ‘desordem’ na cidade, redefinindo seus espaços através da leitura da silhueta urbana como um pré-texto no qual devem ser percebidas as suas contradições, num claro posicionamento ideológico, que nasce da declaração do direito que o teatro tem de penetrar o espaço público e assim dialogar com pessoas que não optaram pelo contato com o trabalho do ator”, diz o diretor.
Outro ponto inusitado do espetáculo é que na cidade em que se apresenta a companhia escolhe algumas atrizes locais para representarem as noivas de Dom Quixote. Não há número limitado para a quantidade de noivas, elas não precisam ser necessariamente atrizes profissionais e nem precisam ser mulheres.
A companhia “Teatro que Roda”, trouxe 7 atores para Tereina, eles estão aqui desde sábado ministrando oficinas no ponto de cultura nos trilhos do teatro. As oficinas terminaram ontem.
Este Dom Quixote começa como mais um engravatados da atualidade que cansado de sua rotina, fica louco, e acha ser o cavaleiro Dom Quixote de La Macha. A peça estreou em 2006, em Goiânia, e está viajando o Brasil, pelo projeto Palco Giratório. Daqui eles seguem para Parnaíba, onde fazem apresentação na praça da Graça, no dia 1° de agosto, também as 17h.