5.9.08

Teatro que faz - aniversário

Um teatro é feito de atores, técnicos e, principalmente, platéia. O público vai ao teatro, geralmente, acompanhar as histórias interpretadas pelos atores que dão vida a elementos saídos da imaginação de um dramaturgo. Mas, esse mesmo publico também pode ser protagonista. Se olharmos para as cadeiras vermelhas do teatro 4 de Setembro vamos encontrar a dona Maria da Cruz, que aos 48 anos de idade nunca havia entrado no teatro, mas desta vez compareceu, influenciada pela sobrinha, que faz balé.

O motivo da “visita” foi a abertura das comemorações dos 114 anos do teatro 4 de setembro, com a peça Romeu e Isolda, produzida pela oficina de teatro Procópio Ferreira, que há 20 anos forma atores dentro da casa de espetáculos mais tradicional do Piauí.

Mas, ao contrário de dona Maria, encontramos também Jéssica Teixeira que vinha ao teatro desde pequena. “Minha mãe me trazia sempre, pra ver as peças infantis, ainda lembro dos palhaços, depois parei de vir, porque ela não podia mais me trazer, mas agora estou voltando”, conta a garota que hoje tem apenas 16 anos. “Vir ao teatro pra mim desde criança me estimulou a ler, para conhecer outras histórias”, complementa a estudante.

Sentado ao seu lado um rapaz comenta que o teatro é um lugar sem barreiras. “Pessoas de qualquer classe social podem entrar aqui e vão ter os mesmos direitos, o teatro não faz distinção, e ainda mostra, através das peças, a realidade que encontramos em livros”, conta Jallyson Maia, que aos 18 anos está começando a freqüentar o teatro. “O que me chama atenção também é a interpretação dos atores, eles aproximam as histórias da gente, o público”, acrescenta Jallyson.

Para outra personagem da história qe vemos hoje, o teatro não é só maravilha, a professora Charlene Silva, acredita que o teatro poderia ser maior. “Porque, mesmo que muitas pessoas não acreditem, o público teresinense gosta muito de teatro e tem se aproximado cada vez mais, com o incentivo de projetos como o 1,99, o seis e meia, que barateiam a entrada, desmistificam a crença que o teatro é coisa para elite e trazem artistas de fora para fazer show aqui”, diz Charlene que “sempre que pode” frequanta o teatro, e comenta ainda que não esquece a ultima peça que assistiu: “Black Shit”, no dia 2 de setembro. “Ainda hoje, quando eu lembro, fico sorrindo sozinha”, ela diz. É Charlene o teatro faz isso com a gente.

Mas para que tudo isso possa acontecer e para que nos pareça o mais real possível e assim, mexa com nossas emoções, muitas pessoas trabalham nos bastidores, um deles é o Seu Zezé, ele foi ator, está há mais de 30 anos no 4 de Setembro, levando alegria para a vida do público e para a dele também. “Abdiquei de muita coisa para continuar trabalhando aqui, mas é só amor por isso aqui, vale a pena”, conta sobre sua trajetória o ator que decidiu ficar na coxia para acompanhar a vida que acontece no momento em que a fantasia deixa o palco.

Hoje ele é supervisor técnico do 4 de setembro, casa que marcou e vem marcando a vida de atores, técnicos e platéia.

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