My Sound

sempre achei que a vida seria mais interessante de tivesse trilha sonora...

- passos frenéticos, de uma atrazada, sustentados por um salto alto, calça jeans, camiseta e um "blaiser" à mão (quer dizer...na verdade, a mão estava enganchada pelo polegar no bolso da calça e o "blaiser" despojadamente pendurado no braço. só pra não perder o hábito dos detalhes...). de repente um vento forte faz os cabelos dela esvoaçarem, no exato momento em que bateria e guitarras aceleram para: " With the lights out It's less dangerous Here we are now Entertain us I feel stupid" (Smells Like Teen Spirit - Nirvana). ela ri.

- Águas de março, com Elis e Tom, casa muito bem com andar de ônibus em uma avenida movimentada, em uma manhã nublada de quase março.

- atravessar a faixa de pedestres, da frei Serafim, ao som de The Beatles dá um frio na barriga. só faltam três amigos pra tirar Aquela foto.

- esperar horas e Horas, pra fazer um exame na Lucidio Portela, ouvindo: "Rio de Janeiro - cristo redentor, braços aberto sobre a Guanabara..." dá aquela sensação de viajar sem sair do lugar, como uma cena de filme, num dia nostaugico de chuva... o tempo passa e, claro, algumas músicas não fazem mais sentido. mas, o tempo passa. e aí vem Renato Russo dizer, com jeitinho, que "nosso dia vai chegar, teremos nossa vez!" (A Fábrica)

- na volta pra casa o consolo de cotidiano (Chico Buarque) é quase uma sinopse do dia. só traz aflição quando ele fala de feijão, já é mais de meio dia... (E quando eu lembro que não Há uma boca de hortelã...)

tudo isso, graças à falta de feitiçaria da vida moderna, que dá à tecnologia o poder de acrescentar a magia do cinema à nossa "vida real".