18.1.08

Diínha desses...

...Paramos no sinal (...não! ainda não sou eu dirigindo...) e o menino que andou para o meu da faixa de pedestres me chamou atenção. Ele não queria atravessar a rua. Ela é seu local de trabalho. Suas ferramentas: três laranjas. Muita habilidade tem esse menino, que não deve ter mais que dez anos. Laranja pra cima. Laranja pra baixo. Laranja jogada entre as pernas. Ele não estava sozinho. Na faixa “X” com a que estávamos, havia outro. Na calçada mais alguns esperando, talvez a vez de ir para o meio da rua, talvez apenas o dinheiro daqueles que lá estavam.

Isso me lembrou do ano passado e do anterior. Uma das experiências que tive por causa do movimento estudantil, que vi muita gente recusar (tanto o movimento quanto a experiência...): Pedágio. Ou melhor, tal qual aquele menino, “pedir dinheiro no sinal”.

E pra que? Para viajar, para ir a encontros estudantis. O primeiro foi o ENECOM* de Salvador (ê Baêa!) e ano passado o ERECOM** de Fortaleza.

Era muito Fácil! – sim, ganhar dinheiro no sinal é fácil!

Pra gente bastava juntar a negrada e quatro e meia da tarde estávamos no sinal.

Nossas dificuldades: Juntar Gente.

Dessa negrada, só aparecia quem ia viajar, por mais que a gente tentasse “conquistar” a “ajuda” de outros estudantes.

Só.

Oras, arrumar caixinha pra colocar o dinheiro? Fácil! Pintar a cara de palhaço? A melhor parte!

Em um dos nossos mais críticos dias: fazendo pedágio com apenas 5 pessoas (dois segurando a faixa que dizia, mais ou menos assim: Leve os Estudantes de Comunicação para o ERECOM – Salvador – BA” e uma pessoa em cada faixa “arrecadando” de quantos carros conseguisse) conseguimos mais de trezentos reais! É! 300 contos, mais que isso! Bem mais! Em apenas uma hora!

Menos de seis meses depois estávamos lá! Trinta pessoas (Fortaleza é mais perto. Mais gente querendo ir...) ocupando os cruzamentos da cidade. Fazendo tchu-tchu, tchu-tchu-á, dançando quadrilha em plena faixa de pedestres.

No lugar das laranjas daquele menino, eu usava os Swings do Narcisio.

(até o nome é mais “coisado”: swings! - Duas bolas com fitas, amarradas na ponta de cordões que a gente roda pra tudo quanto é lado e fica bunitinho)

O que as duas situações têm a ver uma com a outra?

Nada! Absolutamente nada!

Isso é que me intriga!

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*Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação

**Encontro Regional de Estudantes de Comunicação

***esse texto não é pra desmerecer os pedágios dos estudantes, prática comum, pra essa classe de gente naturalmente lisa poder juntar um cadim de grana.

Adorei fazer aquilo.

Um comentário:

Sanmya disse...

e eu tava lá contigo
dançando, pedindo, fazendo mungango
bom demais
=]